Que papel jogam as normas dramatúrgicas que compõem a convenção teatral nos espaços de ensino do tea

Entre as décadas de 80 e 90 foi possível ver surgir um conjunto de obras dramáticas desafiantes que transformaram radicalmente os modos de definição e apresentação dos componentes do drama considerados inquestionáveis como a fábula, o diálogo, o personagem, o tempo, entre outros componentes. A desconstrução do diálogo, do personagem, a distorção do tempo e do espaço, a polifonia de formas enunciativas que representam alguns traços do paradigma desta escritura, obrigam a criar novos instrumentos de aproximação e transmissão. Uma escritura particularmente complexa e variada tanto sobre o plano temático quanto as transgressões formais, e se apresentam para a prática docente como um campo de estudo novo, desafiando a fazer uma reconstrução ativa e reflexiva sobre o multifacetado panorama teatral que se apresenta.
A necessidade de refletir sobre o ensino das escrituras dramáticas no contexto do teatro contemporâneo, me levou a formular alguns interrogantes e investigar suas praticas de ensino:
Se as noções de Personagem, Diálogo, Conflito e Fábula entre outros componentes da escritura dramática, vêm sendo relativizadas, quer dizer, já não são imprescindíveis para uma linguagem teatral que vem sofrendo uma diluição genérica a partir de estratégias de desconstrução, fragmentação e hibridez, cabe então perguntar: Que papel jogam as normas dramatúrgicas que compõem a convenção teatral nos espaços de ensino e aprendizagem de escrituras dramáticas? Como criar as condições para o ensino de uma escritura dramática onde as noções de fábula, diálogo e personagens se mostram cada vez mais nebulosas? E ainda: Poderia haver procedimentos metodológicos específicos que pudessem configurar uma pedagogia para as escrituras dramáticas contemporâneas?
Essas perguntas me impulsionaram a fazer um percurso como aluna-investigadora em instituições de ensino de teatro em Barcelona que se apresentam como um espaço de investigação teórico-prático sobre a dramaturgia contemporânea. Entre estas instituições, está o Obrador Internacional de Dramaturgia da Sala Beckett de Barcelona onde participei de oficinas e cursos para alunos principiantes e avançados oferecidos durante a temporada 2010-2011. O artigo publicado na revista Pausa da Sala Beckett, oferece algumas reflexões em torno aos aportes didáticos pedagógicos dos cursos investigados neste período.
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Maria Aparecida de Souza
Arte Educadora, Mestre em Teatro e Doutora em Estudos teatrales pela Universidad autônoma de Barcelona.
mariasouzafloripa@hotmail.com
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