Três passos a dar, antes de escrever seu primeiro projeto cultural

“Por onde começar um projeto cultural?” Essa pergunta tem sido feita por muitas pessoas que moram em cidades pouco populosas, onde ainda há escassez de espaços e oportunidades ligadas à prática presencial de arte e cultura. Mas saiba que o processo de “pensar” um projeto cultural começa antes de começar a escrever o texto. Se você está pensando em fazer seu primeiro projeto, é importante não pular estas etapas, que estão relacionadas à conciliação entre o seu desejo e a viabilidade de um projeto:

1. Investigue seu desejo genuíno ligado à Cultura

Considere que frequentemente o que pensamos ser nosso real desejo é, na verdade, influência de outra pessoa, de um grupo ou da mídia, geralmente ligada a prestígio, aceitação, ego, ou mesmo necessidade ou interesse financeiro. Contudo, a realização de um projeto cultural é quase sempre muito trabalhosa e se o seu projeto chegar à execução, caso não coincida com o que você realmente deseja e aquilo em que acredita, o que parecia a perspectiva de um prazer poderá se converter em sofrimento. Por isso, não abra mão de contemplar em seu projeto, ações que realmente estejam ligadas àquilo que dá sentido à sua vida. Depois disso, o desafio é tentar enquadrar seu desejo em uma das categorias normalmente oferecidas em editais de Cultura. Por exemplo: Artes Cênicas (Teatro, Dança, Ópera); Música; Circo; Patrimônio Material e Imaterial; Literatura etc.

2. Busque editais e Programas que contemplem a sua escolha

Uma vez que o seu desejo está claro, é preciso que ele se enquadre em algum edital para que você possa obter apoio financeiro. Mas ainda que não encontre nenhum edital com inscrições abertas, não adie a elaboração de seu projeto. Assim, no momento de abertura de algum edital, seu plano já estará “amadurecido” e bem elaborado no papel e na sua cabeça. Considere que a maioria dos editais exigirá que você escreva um projeto dentro dos seguintes tópicos, com pequenas variações, fáceis de adaptar: apresentação, objetivos, justificativa, contrapartida social ou democratização de acesso, etapas de trabalho, plano de realização, fichas técnicas (currículos), orçamento, plano de ação, público-alvo, divulgação e distribuição. Você pode até se basear em um edital passado de um programa regular de incentivo à Cultura (do governo federal, estadual ou municipal, ou de organizações privadas) e depois ajustar o texto, de acordo com as mudanças de um ano a outro.

3. Tempestade cerebral

Considerando os itens 1 e 2, faça uma “tempestade cerebral”, ou seja, uma lista de possibilidades para seu projeto e vá riscando as inviáveis e as menos interessantes. Para isso, faça perguntas deste tipo: É viável em termos de logística e de recursos materiais e humanos? Enquadra-se no edital (caso esteja se baseando em um edital específico)? Tem a ver com o que eu quero realmente fazer, eu me sentirei bem ao executá-lo? É uma ideia original, relevante? E assim vá testando suas ideias e elegendo as melhores até “bater o martelo” no seu “objeto” – a ideia que você vai desenvolver. Depois de chegar a essa clareza, sim, arregasse as mangas e comece a escrever.

Em breve, dicas de como escrever um projeto cultural.

Joanita Ramos é escritora, jornalista, artista e produtora cultural, coidealizadora dos projetos Container Cultural e Arte na Escarpa.

Se você gostou, curta e compartilhe com os amigos!